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Executiva da Unilever conta os desafios de ser uma mulher trans no mercado de trabalho

Mulher Trans
Fabíola Lopes, Executiva de Vendas da Unilever
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Fabíola Lopes tinha 38 anos quando passou a se sentir aceita por quem realmente era: uma mulher trans. Segunda ela, sua transição demorou pelo medo que sentia, especialmente no mercado de trabalho, já que pessoas trans dificilmente conseguiam boas oportunidades de emprego.

Mas essa história mudou. Fabíola foi uma das primeiras pessoas trans contratadas pela Unilever Brasil, e desde 2019 tem trazido a questão para dentro do seu time com cada vez mais força. A virada na vida de Fabíola teve início em 2016, quando foi convidada para participar do espetáculo de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e abertura das Paralimpíadas, no Rio de Janeiro:

Naquele momento, pude ser quem eu realmente era. Depois das olimpíadas, eu me senti aceita, e então comecei a minha transição”, conta.

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Depois de quebrar inúmeras barreiras levantadas por preconceitos, Fabíola encontrou no Facebook um post da Unilever com vagas para pessoas trans e enviou seu currículo para uma posição de assistente de escritório, com a esperança de que aquela oportunidade a inserisse no mercado formal de trabalho.

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Até então, ela atuava com figurino para peças de teatro no Rio de Janeiro. Fabíola foi chamada para a entrevista, e a vaga conquistada pela profissional acabou sendo ainda mais desafiadora, a de estar na linha de frente da equipe de vendas.

Quando chegou na companhia, Fabíola conta que teve dois grandes sentimentos, êxtase de alegria e medo de enfrentar as pessoas dentro da empresa. “Entrei tendo em mente os desafios que poderia encontrar, sabendo que minha função seria educar, e nunca bater de frente”, relembra. Mas o que ela não sabia é que seu gestor já vinha trabalhando o tema com seu time há um bom tempo.

A Unilever tem uma agenda de diversidade onde um dos braços é a atração de talentos transsexuais. As ações com os funcionários são muitas, e para a contratação da Fabíola, a primeira trans da regional Rio de Janeiro, vínhamos fazendo sessões de conversas e letramento com todos, para quando ela chegasse, se sentisse acolhida, confortável e com espaço para realizar seu trabalho da melhor forma”, conta Mauro Silva, gerente regional de vendas da Unilever.

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Surpresa boa que abriu mais e mais portas. Quando participou de sua primeira Convenção de Vendas na Unilever, viu que era a única mulher trans. Então liderou uma iniciativa para dar oportunidades para meninas trans trabalharem nos pontos de venda de clientes e parceiros da empresa.

O que acendeu mais uma luz: o letramento do entorno! “O time de vendas está na rua, lidando cara a cara com os clientes, apresentando os produtos, oferecendo projetos para os pontos de venda, e tínhamos que garantir que essa parte do trabalho também estivesse de acordo com os valores da Unilever então criamos o Diversidade Carioca, nosso programa local de diversidade.

Entendemos que o aprendizado e a discussão da pauta abrirão espaço para a representatividade da sociedade dentro do varejo, pelo apoio, inclusão e inserção da agenda de diversidade neste ambiente, especialmente com grupos de menor inserção atualmente, LGBTQIA+ especialmente”, conta Mauro.

Hoje, apenas na Regional Leste, área de atuação de Fabíola, existem, além dela, 5 pessoas trans. No Brasil, já são 20 pessoas, sendo metade delas contratadas agora em 2021.

Fabíola inspirou também outras mudanças na equipe, como a retirada de restrições de gênero nos banheiros do escritório no Rio de Janeiro, de onde ela atuava até o início da pandemia. A executiva trouxe para dentro da Unilever o coletivo Capacitrans, iniciativa que oferece cursos de capacitação e oportunidades de emprego para pessoas trans.

Minha luta não é apenas por minhas conquistas, mas para dar oportunidade para meus semelhantes. Eu entendo que existe o preconceito, mas as pessoas querem mudar, o problema é que às vezes o desconhecido assusta. Você conquista a confiança delas quando cria admiração, pela vontade de trabalhar e fazer diferente”, conta a executiva, que também faz contribuições importantes para o grupo de afinidades LGBTQIA+ da Unilever, o ProUd.

O ProUd, foi criado por cinco funcionários LGBTQIA+, e tem uma agenda propositiva que realiza diversas ações ao longo do ano para o letramento dos funcionários – de todos os cargos, desde gestão às operações de fábrica -, como a criação de guias, lives e reuniões abertas para discutir sobre o tema.

O objetivo principal do grupo é garantir que cada pessoa que trabalha na Unilever realmente entenda a importância da representatividade e da diversidade de gênero dentro e fora da empresa. Esse movimento tem fomentado evoluções dentro da companhia, desde a contratação de novos talentos até a representatividade nas comunicações da Unilever.

Focados em pessoas trans, a Unilever conta ainda com três frentes de atuação. Uma voltada para a inclusão e acolhimento de pessoas trans e travestis; outra com o objetivo que informações fundamentais sobre a comunidade LGBTQIA+ cheguem em todas as unidades e níveis hierárquicos da companhia, e a terceira, de engajamento de todas as marcas da empresa para acelerar o fim de estereótipos de gênero nas nossas comunicações e acompanhar a jornada de cada marca no caminho para mais representatividade, construindo sempre as bases adequadas para um engajamento genuíno.

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Escrito por redacao