Centenas de milhares de italianos ocupam as ruas das principais cidades do país para protestar após o senado reprovar em votação um projeto de lei contra a LGBTfobia que tornaria em crime de ódio a violência contra pessoas LGBT e deficientes, bem como a misoginia.
O Senado, com 315 membros, votou por 154 a 131 na quarta-feira para bloquear o debate sobre a lei que foi batizada em homenagem ao parlamentar gay de centro-esquerda do Partido Democrata (PD) Alessandro Zan. A lei anti LGBTfobia já havia sido anteriormente aprovada pela câmara dos deputados após meses de protestos de grupos de extrema direita e católicos.
Pina Picierno, membro do PD no parlamento europeu, classificou a votação como “uma das piores páginas da história da república italiana”.Segundo os partidos de extrema direita que votaram contra o projeto na Câmara Alta, a lei teria suprimido a liberdade de expressão e promovido a “propaganda homossexual” nas escolas.
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Em junho passado, o Vaticano fez uma intervenção sem precedentes obrigando o governo italiano a mudar a lei por causa de preocupações de que ela infringisse a “liberdade de pensamento” da Igreja Católica.
A lei previa pena de prisão de até quatro anos para quem fosse condenado, além de aumentar as verbas para grupos que atuam no combate à discriminação e no atendimento às pessoas vítimas dela.
As tentativas de vários governos nas últimas três décadas para promulgar uma lei semelhante foram sufocadas ou sabotadas, com qualquer progresso ou mesmo apenas um debate significativo bloqueado por uma cultura machista, catolicismo e apoio a partidos de extrema direita.
A votação no Senado para bloquear o projeto foi saudada pela “Liga e Irmãos da Itália”, grupos de extrema direita de Matteo Salvini, liderada por Giorgia Meloni. Salvini disse que “a arrogância do PD e do M5S foi derrotada” e disse que o debate deve agora recomeçar a partir de um projeto de lei da Liga que permite a liberdade de expressão.
O ministro das Relações Exteriores e ex-líder do M5S Luigi Di Maio disse que o projeto foi “varrido por uma vergonhosa votação secreta”, enquanto o grupo Gaynet Roma disse que foi um “tapa na cara da maioria da população”.
Embora a Itália tenha aprovado as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo em 2016, o país ficou para trás em relação aos seus parceiros da UE na criação de medidas anti-LGBTfobia.Grupos de direitos humanos recebem centenas de relatórios de crimes de ódio todos os anos, mas muitos ficam impunes.