Para celebrar o dia do Orgulho LGBT, no último 28 de Junho, a Prefeitura Municipal da cidade de Maringa-PR, postou em suas redes sociais, uma imagem da Catedral Brasílica Nossa Senhora da Glória, iluminada com as cores do arco-íris, símbolo da causa LGBT.
O post com a foto da catedral iluminada contia a legenda: “ Um registro para lembrar que a beleza do mundo está na diversidade e cor. Uma excelente semana para todos nós, se cuidem e cuidem de quem vocês amam”.
Mas, o caso ganhou repercussão após a postagem ter sido apagada sem nenhuma justificativa. Membros da comunidade LGBT+ local acreditam que o motivo pode ter sido pressão popular. Mesmo sem ter nenhum conteúdo ofensivo, a postagem recebeu comentários negativos de alguns cidadãos mais conservadores.
+Congresso Nacional é iluminado com as cores da bandeira LGBT+
+Campanha “Meu Destino é Brasil” ganha reforço do Turismo LGBT+
+Aerolíneas Argentinas firma compromisso com a comunidade LGBT+
Em um dos comentários que foi possível ser printado antes de ser apagado, um morador escreveu: “ A prefeitura de Maringá toma o principal símbolo religioso da cidade e o relaciona com o Orgulho LGBT(etc). É um desrespeito a fé de milhares de católicos que vivem na cidade e que sabem quando a ideologia de gênero despreza a religião católica e seus valores. Apesar da sutileza e da tentativa de passar desaparecido, o desrespeito é mesmo”.
A sexóloga Eliane Maio, uma das principais lideranças da comunidade LGBTQIA+ da cidade lembrou em seu perfil no Instagram que o Brasil é o país onde mais se mata LGBT no mundo.
Em outro post, o morador Rômulo Fratini celebrou o ato simbólico, mas cobrou das autoridades uma resposta do motivo por terem apagado o post.
“ Sei que para muitas pessoas é só uma foto e cores, mas para mim é um orgulho ver a cidade onde nasci e escolhi para morar apoiar a causa, só que no exato momento em que apagaram eu tive vergonha da Prefeitura de Maringá.”
Letícia Galdino, agente de viagem e membro da comunidade LGBT+ de Maringá, acredita ser muito prejudicial que um órgão público ceda a pressão preconceituosa.
“Em pleno século XXI, é inadmissível que um ato legítimo seja apagado dessa forma. Absurdo maior, é um órgão público ceder à questionamentos preconceituosos, e retirar a postagem, levando em consideração que a cidade é composta por um público LGBTQIA+, expressivo. Falta respeito, sobra preconceito”.
Procurada oficialmente pela Associação Maringaense LGBT (AMLGBT), a prefeitura de Maringá ainda não se manifestou sobre o assunto. Em exclusiva para a ViaG, Margot Jung, presidente da AMLGBT acredita que a intenção da prefeitura tenha sido positiva, mas que errou ao apagar o post. Margot explicou que a iluminação com as cores do arco-íris havia sido feita na semana da Páscoa, mas a imagem foi reutilizada para homenagear o Dia do Orgulho LGBT.
“Acredito que a prefeitura tenha sido bem intencionada com a postagem, mas não aceitamos que ela apague o post sem nenhuma justificativa, deixando parecer que cedeu a pressão de preconceituosos. Apesar de ser uma Catedral, o prédio é um símbolo do município assim como o Masp é um símbolo de São Paulo, o Big Ben é símbolo de Londres e a Torre Eiffel é símbolo de Paris. Não há nada de ofensivo em usar uma imagem do prédio iluminado com as cores de uma causa tão importante. Quem é cristão de verdade não aceita preconceito”, finalizou ela.
Essa não é a primeira vez que a Catedral da cidade é motivo de polêmica. Em 2012 um poster criado para promover a Parada do Orgulho LGBT de 2012 causou um grande conflito. Na época, a comunidade LGBT local rebateu com um outro cartaz em que mostrava a Catedral tinha sido usado para fazer propaganda de cerveja.