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O charme da Polônia

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Nos ambientes públicos a troca de olhares é uma constante

Viajar para o Leste Europeu é sempre mergulhar num mundo de descobertas na área de costumes e comportamento. A Polônia, por exemplo, é um país lindo, rico em história, belezas naturais e com um povo simpático e cortês. A vida gay em cidades como Varsóvia e Cracóvia é bastante dissimulada e nem por isso menos sedutora. Olhares são trocados o tempo todo nas ruas, nos shoppings e no transporte público. Algo bem excitante. Os clubes noturnos funcionam basicamente nos finais de semana e encontra-los nem sempre é uma tarefa fácil. Mas, para os que amam a arte e a cultura o país é o lugar ideal.
Julgar a Polônia como um país refratário ao amor entre iguais é de uma simplicidade quase ingênua. Para não dizer, maldosa. Digamos que o país respeita a homossexualidade, mas, não a promova. A constatação está no parlamento polonês que abriga dois personagens marcantes e determinantes na luta pelos direitos dos gays. Um deles é Robert Biedron, 37 anos, doutor em ciências políticas, membro do Conselho Polonês Contra Homofobia e recentemente nomeado como relator-geral dos direitos LGBT da Comissão da Igualdade e Não-Discriminação da Comunidade Europeia. O outro é a transexual Anna Grodzka, 59 anos, eleita para o parlamento em 2011 e o primeiro membro abertamente transgênero do mundo. Antes da cirurgia de adequação sexual feita em Bangkok, Tailândia, ainda com o nome de batismo KrzysztofBegowski, ela foi casada com uma mulher com quem tem um filho. Como se pode notar, a Polônia é bem mais arrojada do que parece.
Nas ruas de Varsóvia e Cracóvia é difícil identificar gays e lésbicas baseando-se apenas na forma de expressão, ou seja, na manifestação da identidade de gênero. Mas a troca sutil de olhares denuncia tudo. O Leste Europeu deve ser entendido de uma forma específica na questão da sexualidade. Como os demais países, a Polônia não viveu a revolução sexual dos anos 1960 e 1970 do Ocidente.
O que levou décadas para avançar no mundo ocidental os países da então Cortina de Ferro começou a assimilar há pouco tempo. Hoje caminham a passos largos para atingir as mesmas conquistas. Os jovens são bastante abertos e respeitam as questões de gênero e sexo. As universidades estimulam a discussão. A resistência está nos valores da religiosidade e, óbvio, nas camadas da população com mais idade. O catolicismo local é muito forte e julga a homossexualidade moralmente incorreta.
As duas maiores cidades abrigam bares para gays e lésbicas e são nesses lugares onde é possível saber dos avanços da comunidade tanto na esfera política (dos direitos) quanto na acadêmica (congressos e simpósios universitários sobre gênero e sexo). Então fica a dica: o país é lindo e deve ser aproveitado na sua totalidade. Mas, sem a exposição pública de afeto entre casais LGBT.

anacarolina

Escrito por anacarolina

Diretora e editora da Revista ViaG