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Conheça a Variações, associação que está inserindo Portugal no mapa do turismo LGBT+

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A revista ViaG esteve recentemente em Lisboa para conhecer o hotel The Late Birds, o primeiro urban resort gay da capital portuguesa e aproveitou para entrevistar a equipe da Variações, a Câmara de Comércio e Turismo LGBT de Portugal. O nome é uma bela homenagem a Antonio Variações, um dos cantores mais irreverentes e talentosos que fez muito sucesso por lá no início dos anos 80 e que foi um dos primeiros artistas a assumir publicamente sua homossexualidade em Portugal.

Batemos um papo com Carlos Ruivo, presidente da Variações e com Diogo Vieira, secretário executivo. Confira!

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Carlos Ruivo e Diogo Vieira em clique exclusivo para a ViaG

ViaG – Como surgiu a Variações e de onde veio a ideia de criar uma câmara de comércio e turismo LGBT+?

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Carlos Ruivo – Bem, isso é uma longa história. Eu vivi 38 anos na França, e lá existia, ainda existe embora tenha mudado um pouco seu objetivo nesses últimos anos, um sindicato nacional de empresas gays que foi o primeiro lobby dessas empresas inicialmente de Paris, quando os bares e restaurantes gays começaram a ter problemas com a polícia ou com moradores dos arredores. Foi daí que surgiu nossa inspiração para criarmos a Variações.

ViaG – Temos visto algumas comunidades LGBT+ e bairros que já foram points de agitos se degradando aos poucos, como é o caso do Jardins em São Paulo ou o Marais de Paris. Como vocês enxergam isso?

Carlos Ruivo – Isso tem sido um problema muito comum. Quando a comunidade LGBT+ abraça uma região, ela traz junto bares, restaurantes bacanas, lojas conceituais e muita vida cultural, o que acaba por valorizar demais a área, atraindo moradores mais endinheirados e que aos poucos começam a se incomodar com aquela agitação toda. É aí que se inicia a perseguição. Você vê os bares fechando, uma loja que se muda, uma livraria que fecha as portas, etc., e é nessa hora que uma entidade como a Variações faz sentido. Sentimos esse movimento aqui no Bairro do Príncipe Real, onde também sempre tivemos uma cena gay em Lisboa. De uma hora pra outra valorizou tanto que o metro quadrado já custa o mesmo que em Paris. Os novos moradores começam a se incomodar com a cena boêmia tradicional daqui, mas se depender da Variações, nos continuaremos aqui para sempre.

ViaG – Existe algum tipo de rixa entre os empresários LGBT+ em Portugal ? Como lidar com essa competição?

Carlos Ruivo – Sim, sempre existiu e sempre vai existir porque muitos são concorrentes em suas atividades, mas aqui com a Variações, eu e o Diogo conseguimos depois de muito esforço, convencer os empresários da cena LGBT+ local de que era necessário acabar com as guerrinhas individuais e passarmos a pensar coletivamente para não morrermos comercialmente também.

ViaG – Quando nasceu a Variações?

Diogo Vieira – A Variações nasceu há dois anos. Eu estava terminando a minha tese de graduação e o case do The Late Birds foi o objeto do meu trabalho final. Criei uma websérie em que eu entrevistava empresários gays, lésbicas, bissexuais e trans que tiveram sucesso em suas profissões para que eles servissem de inspiração para as novas gerações de LGBT+, foi quando conheci o Carlos e acabei vindo trabalhar para ele. Cheguei aqui e percebi no The Late Birds um oasis gay no meio de Lisboa, com tudo para dar certo, mas o problema é que Portugal não era posicionado como um destino gay. Lisboa um pouquinho mais, mas o resto do País não. Porém, mesmo assim, Lisboa nunca teve uma comunicação específica, uma marca que vendesse a cidade como um destino gay friendly, e aí pensamos na criação da Variações justamente para ajustar isso, e trabalhar pela nossa imagem dentro de Portugal e como gay friendly lá fora também.

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ViaG – Como foi esse processo de criação e a aceitação da associação?

Diogo Vieira – Foi um trabalho que durou meses. Não foi fácil reunir os empresários e convencê-los a trabalharem juntos, mas aos poucos fomos quebrando esses muros, e todos perceberam que era melhor estarmos unidos. Fizemos nossa apresentação oficial em janeiro de 2018. A reação que tivemos foi a melhor possível. Posso dizer que fomos rapidamente absolvidos no sentido de que não havia em Portugal um grupo de pessoas que mostrasse o empoderamento econômico da comunidade LGBT+ local, e nós fomos muito bem recebidos por conta disso.

ViaG – Quantos membros fazem parte da Variações hoje?

Diogo Vieira – Já somos mais de 60 membros espalhados por todo País. São todas médias e pequenas empresas, algumas simbólicas como o “Finalmente”, o primeiro bar gay de Lisboa que abre 365 dias por ano, e todos eles com shows de drag queens.

ViaG – Como a Variações atua com o turismo LGBT+?

Diogo Vieira – Para você ter uma ideia, em setembro de 2017, mesmo antes de termos nascido oficialmente a gente já se reunia para fazer pressão e incluir oficialmente na estratégia do turismo de Portugal, o tema LGBT+. Pela primeira vez o conselho de ministros aprovou a estratégia de turismo para a década de 2017 a 2027 onde a nossa comunidade é vista como público-alvo. Tudo pensado para não apostar em um turismo de quantidade, mas sim de qualidade, o que se alinha com o nosso perfil. É sabido que o turista LGBT+ viaja mais, gasta mais, é mais ligado ao cultural. Então não convencemos a eles explicando que turismo LGBT+ não é turismo sexual, por exemplo, apenas apresentamos um mercado que já existe e que vinha de encontro com os planos do Turismo de Portugal. E conseguimos! Pela primeira vez na historia do país, Portugal será promovido como destino de turismo LGBT+.

ViaG – Quais são os próximos passos?

Diogo Vieira – Já estamos alinhados com o turismo de Portugal para lançar a campanha Proudly Portugal, um trabalho nosso financiado por eles. A previsão é de lançá-la agora em setembro ou outubro de 2019. Recentemente preparamos também o projeto de candidatura de Portugal para receber a Europride 2021, e além disso, temos também o projeto do comitê empresarial para diversidade que será lançado no final do ano e que agrega grandes empresas e grandes empregadores para promover políticas de diversidade e inclusão no local de trabalho, e por fim estamos organizado o projeto do Porto Pride, a Parada do Orgulho LGBT do Porto que ainda não existe.

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Escrito por redacao