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Projeto Trans Histórias Brasília inicia o treinamento de mulheres trans e travestis que atuarão como guias turísticas

A iniciativa inédita – promoverá passeios turísticos a pé, guiados por estas pessoas na capital; as visitas começam em julho

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As participantes da formação em frente ao Palácio Itamaraty - Divulgação/Casa Rosa

O projeto Trans Histórias Brasília, iniciativa inédita na Capital Federal, acaba de dar mais um passo. Até o dia 13 de julho, cinco mulheres trans de Brasília, com idades entre 20 e 62 anos, participarão de um treinamento para se transformarem em guias turísticas. Depois, elas conduzirão passeios guiados a pé por pontos turísticos e culturais da cidade, compartilhando não apenas informações históricas sobre os espaços, mas também suas vivências e perspectivas.

 

O projeto é uma realização conjunta da Casa Rosa, espaço de acolhimento para pessoas LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade no Distrito Federal; da Sama Sama International, organização social criada por Jayni Gudka, que chegou ao Brasil recentemente para acompanhar de perto as atividades; e da Conscious Travel Foundation, e promete transformar a experiência turística em Brasília, aliando diversidade, inclusão e impacto social.

 

A Sama Sama se inspira em iniciativas internacionais como a Unseen Tours, de Londres, que capacita pessoas em situação de rua para atuarem como guias turísticos.

 

Bebel Mendonça, Layla Rosas, Nathalia Vasconcelos, Amanda Costa e Lorraine Macedo foram as escolhidas para iniciarem a capacitação, que acontece aos fins de semana, com visitas a espaços turísticos. Também estão previstas oficinas teóricas na Casa de Ismael, que gentilmente cedeu o espaço. Cada uma das participantes ainda receberá uma bolsa de incentivo para permanência nas atividades no valor de R$4.950.

 

O primeiro passeio do grupo foi uma visita ao Palácio do Itamaraty — experiência inédita para todas as participantes —, seguida de um almoço coletivo na Feira da Torre de TV.

O que elas dizem sobre o Trans Histórias

“Para mim, está sendo uma oportunidade única de adquirir conhecimento na área do turismo. O mais impactante é que percebi que, mesmo tendo nascido em Brasília, eu não tinha tanto conhecimento sobre determinados lugares. É uma grande oportunidade de conquistar um trabalho digno, com muito crescimento profissional, mas, especialmente, de desenvolvimento pessoal”, comenta Bebel Mendonça, uma das selecionadas.

 

O projeto contará ainda com paineis abertos ao público nos dias 6 e 7 de junho, na Sociedade Pestalozzi de Brasília, com a participação de representantes da Embratur, Ministério do Turismo e lideranças do movimento LGBTQIAPN+. Esses encontros têm como objetivo discutir e fomentar práticas sustentáveis e inclusivas no setor de Turismo, alinhando diversidade e responsabilidade social.

“É uma alegria imensa ver essas mulheres, tantas vezes marginalizadas pelos olhares da sociedade, sendo dignificadas e capacitadas para um trabalho. Queremos desmistificar a imagem que se tem dessas pessoas, humanizá-las e reafirmar seus lugares no mundo”, comenta Pedro Matias, coordenador da Casa Rosa.

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Amanda Costa, 22 anos, uma das participantes

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Lorraine Macedo, uma das participantes

Pedro Matias e Flávio Fleury também atuam como voluntários realizando a tradução e viabilizando o diálogo entre Jayni Gudka – criadora deste tipo de tecnologia – e as mulheres selecionadas. A Casa Rosa também possui parceria com o restaurante Faz Bem – Comida Vegana, que gentilmente cederá alguns almoços aos finais de semana para o grupo. O grupo Ernesto também vai disponibilizar itens alimentícios para as alunas.

 

A importância é imensa, pois é um projeto que visa oferecer capacitação especificamente para pessoas trans e numa área completamente atípica aqui no Brasil. As áreas de profissionalização que geralmente são ofertadas às pessoas trans geralmente são beleza ou culinária, mas na área de turismo eu não me lembro de ter visto algo nesse sentido. Sinto que o impacto será grande na minha vida pois estou obtendo um novo conhecimento que tem grandes chances de dar certo, assim como tem dado certo em outros lugares que esse mesmo curso foi ofertado a pessoas em situação de rua, imigrantes e vítimas de violência. É uma nova perspectiva de visão de futuro e de evolução pessoal. Vida longa a projetos como esse e a quem apoia a causa de populações minoritárias e/ou em situação de vulnerabilidade“, conclui a participante Nathalia Vasconcelos.

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SOBRE A CASA ROSA: A Casa Rosa, no Distrito Federal, é um lugar de acolhimento, convivência e assistência à população LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade. Surgiu em 2017, por iniciativa do ativista Marcos Tavares, atual presidente da instituição. Localizada no bairro de Sobradinho, a casa atende moradores do Distrito Federal e entorno e é o único espaço deste tipo em todo o Centro-Oeste do país. Atualmente, além de acolher pessoas adultas LGBTQIAPN+ em situação de risco e vulnerabilidade, também propõe articulações e ações afirmativas à esta população, tais como cursos de formação para fomento da empregabilidade, palestras e workshops em escolas e organizações, entrega de cestas e marmitas, atendimento psicoterapêutico, atendimento jurídico, organização de feiras e outras atividades culturais.

 

COMO DOAR PARA A CASA: As doações podem ser feitas por meio do PIX da Casa Rosa, que é o CNPJ – 39.726.775/0001-84, ou também podem ser entregues pessoalmente. A Casa Rosa também retira doações e todos os tipos são aceitos. Há também a opção de se tornar um associado, e colaborar mensalmente com o trabalho da Casa.

 

ENTRE EM CONTATO: Para mais informações, escreva para: fundacaocasarosa@gmail.com

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Escrito por Cleber França

Editor chefe Revista ViaG