Por Camila Lucchesi
Atire a primeira pedra quem nunca passou por constrangimento ou se decepcionou com o tratamento oferecido pelo staff em um hotel que se autodenomina gay friendly. Ter problemas em um empreendimento econômico dói no coração, mas e quando o casal decide investir um pouco mais para ter férias dos sonhos e acaba questionando o valor gasto logo após o primeiro ‘olhar torto’ do recepcionista do hotel ao reconfirmar a solicitação de cama de casal?
O mercado já sabe que o turista LGBT viaja mais e tem um gasto maior na comparação com outros perfis de viajante. Assim, muitos empreendimentos acabam levantando a bandeira do arco-íris de olho no Pink Money, mas revelam-se como fraudes no atendimento a esse público. Atenta a isso, Preferred Hotels & Resorts, selo que reúne hotéis independentes de luxo em todo o mundo, criou a coleção ‘Pride’, em 2011.
A promessa dos empreendimentos associados é celebrar a diversidade de fato, oferecendo hospitalidade calorosa e serviços premium em destinos inspiradores, além de dicas específicas do concierge sobre programas LGBT em cada destino. Apenas hotéis associados à International Gay and Lesbian Travel Association (IGLTA) ou TAG Approved – organizações conhecidas mundialmente pelo trabalho sério na definição de parâmetros para viagens LGBT – podem entrar para a lista.
Ou seja, trata-se de um crivo triplo, o que aumenta (e muito!) as chances de uma escolha certeira. Rick Stiffler, vice-presidente de vendas de lazer da coleção, adianta que o Preferred Pride vai além de um selo de aprovação. “Trata-se de uma iniciativa global que permite aos hoteleiros conhecer e entender melhor as necessidades e preferências do viajante LGBT”, informou.
Assim, o cuidado vai além do atendimento e inclui incentivo à participação dos empreendimentos em campanhas de marketing específicas, além do apoio a causas e organizações LGBT. “Nossos hotéis estão mais envolvidos com o consumidor LGBT por meio de publicidade e mídia social, o que é muito importante quando você está tentando atrair negócios. Como muitos hotéis independentes não possuem fundos extras para marketing de nicho, a adesão permite que eles tenham alcance e penetração adicionais nesse mercado com custos mais baixos”, destacou Stiffler.
Como grupo, o Preferred Pride já doou mais de US$ 300 mil em diárias (algo em torno de R$ 1 milhão) para ajudar a levantar fundos para importantes instituições como a Fundação IGLTA, Gay Men’s Health Crisis, Jeffrey Fashion Cares, Human Rights Campaing e Aspen Gay Ski Week. “Em 2017, a Preferred Pride sediou a primeira sessão educacional sobre o valor do mercado de viagens LGBT para fornecedores e consultores de viagens durante a Virtuoso Travel Week, em Las Vegas”, reforçou o porta-voz.
Segundo ele, todos os membros são treinados especificamente e de maneira constante para lidar com questões relacionadas à diversidade. “É preciso que os empresários compreendam o valor dessa incrível comunidade não apenas de uma perspectiva econômica, mas também pelo lado social”, enfatizou. O grupo realiza um seminário on-line gratuito sobre hospitalidade LGBT para disseminar melhores práticas realizadas mundo afora.
O que esperar?
Atualmente, a Preferred Pride é composta por 174 hotéis e resorts em todo o mundo. A maioria dos empreendimentos fica entre América do Norte (com 72 estabelecimentos) e Europa (68), com apenas um representante no Brasil – o Miramar Hotel by Windsor, no Rio de Janeiro (RJ). Como parte do treinamento em diversidade, os funcionários são conscientizados sobre atendimento e necessidades dos hóspedes LGBT.
Alguns exemplos são oferecer roupões de banho, chinelos e artigos de toalete condizentes com casais do mesmo sexo; contar com um embaixador interno que vista a camisa da diversidade; ter um concierge bem informado que pode fornecer uma lista das melhores atrações, restaurantes e vida noturna da região; ou, ao menos, incluir publicações segmentadas e que atinjam interesses específicos desses hóspedes.
Além disso, todos os hotéis Preferred Pride oferecem uma ‘tarifa de orgulho’, que é o melhor valor disponível no momento da reserva, além de um mimo comemorativo – que pode ser um café da manhã cortesia, uma garrafa de champanhe, descontos em spas e restaurantes ou algum item específico oferecido pela propriedade escolhida. “Os hóspedes não precisam ser membros da comunidade LGBT para aproveitar essas tarifas, basta que sejam apoiadores”, reforça Stiffler. Mais informações no: www.preferredhotels.com/experiences/pride.