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Pajubá: Babbel pesquisou as linguagens gays em várias partes do mundo

28 de junho é o Dia do Orgulho LGBTI. Em comemoração à data, o aplicativo de idiomas Babbel pesquisou a linguagem gay em diferentes países para descobrir se o pajubá (expressões usadas pela comunidade queer) é exclusivo do Brasil. A Babbel descobriu que, no mundo todo, queers desenvolveram formas de se comunicar sem que pessoas “de fora” compreendessem. Em inglês,  essa linguagem chama-se argot queer.

Quando um grupo não tem liberdade de falar sobre sua identidade e suas formas de afeto, muitas vezes é preciso inventar uma língua “alternativa” para se comunicar. O interessante é que isso não se restringe somente a círculos de amizades. Soltar uma ou outra palavra do argot durante uma conversa com pessoas desconhecidas e ver como elas reagem pode ser uma forma sutil de descobrir se elas também “são entendidas” – o que pode ser o início de uma amizade ou até mesmo de um romance.

Brasil: pajubá

O argot queer brasileiro é chamado pajubá, ou bajubá, e é falado em praticamente todo o país, com poucas variações regionais. A linguagem incorpora muitos elementos das línguas iorubá, uma vez que as religiões afro-brasileiras são relativamente abertas à homossexualidade.

Algumas dessas palavras são conhecidas por grande parte dos brasileiros, como erê, que significa criança. Já aqué (dinheiro) e alibã (policial) são menos conhecidas. Outra característica é o uso de nomes femininos. Dar a Elsa, por exemplo, significa roubar. Geralmente, esses nomes são inspirados em atrizes de novelas, cantoras e famosas.

Algumas expressões do pajubá têm se tornado cada vez mais conhecidas fora da comunidade gay devido ao seu uso na mídia. Há, inclusive, um dicionário do pajubá: Aurélia, uma brincadeira com o nome do famoso dicionário Aurélio.

Turquia: lubunca

Assim como o pajubá, o lubuncaargot queer falado na Turquia – também tem se difundido cada vez mais fora da comunidade gay. Esse argot se baseia em muitas línguas minoritárias faladas no país, como o grego, o curdo e o búlgaro. Contudo, a maioria das palavras vem do romani, idioma falado por uma das comunidades mais marginalizadas dentro e fora da Turquia, os roma (ciganos). A influência dessa língua se explica pela experiência de marginalização comum aos dois grupos.

África do Sul: gayle e isiNgqumo

Os argots queer não são muito diferentes da língua do país onde são falados. O que acontece, então, em países onde há várias línguas oficiais? Um ótimo exemplo é a África do Sul que. Além de ter sido o primeiro país africano – e um dos primeiros do mundo – a legalizar o casamento homossexual, possui nada menos do que 11 línguas oficiais. Contudo, lá não existem onze argots queer, mas dois, que são reflexo das divisões raciais históricas do país.

O gayle surgiu na década de 1950 e é falado sobretudo pelos brancos. Ele se baseia no inglês e no afrikaans e incorpora diversos termos vindos do polari britânico e gírias queer estadunidenses. O interessante do gayle, assim como o pajubá, é que a maioria das palavras é feminina. Monica, por exemplo, vem de money (dinheiro); Priscilla, de policeman (policial); e Jessica, de jewellery (joias). Já o termo gail, de onde o nome do argot deriva, significa bate-papo.

A comunidade negra sul-africana também possui seu argot próprio, o isiNgqumo, que significa decisões. O isiNgqumo é baseado em algumas línguas nguni, um grupo dentro das línguas bantu. Comparado ao gayle, porém, ele ainda não foi muito estudado e documentado. Essa diferença entre os dois argots sul-africanos reflete, assim, as tensões raciais presentes na história do país e que infelizmente se mostram mais fortes do que a experiência compartilhada pelos queers.

Indonésia: bahasa gay

Se na África do Sul há onze línguas oficiais e dois argots, como são as coisas na Indonésia, onde são faladas centenas de línguas? Por incrível que pareça, lá só existe um grande argot queer, chamado de bahasa gay. Uma das características é simplesmente adicionar -ong ao fim das palavras. Assim, banci, que significa “mulher trans”, se torna bancong. Uma outra maneira de formar palavras é adicionar -in- entre as sílabas. Banci, para continuar usando o mesmo exemplo, se torna Binancin.

No Dia do Orgulho LGBTI, bata seu cabelo e dive sem moderação.

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Escrito por redacao