Brasil vive uma epidemia de casos homofóbicos, alerta NYT
Enquanto os americanos debatem vigorosamente como responder ao massacre em uma boate gay em Orlando, na Flórida (EUA), os brasileiros enfrentam sua própria epidemia de violência homofóbica, uma que, segundo alguns levantamentos, rendeu ao Brasil a infame classificação de lugar mais mortífero do mundo para lésbicas, gays, bissexuais e pessoas transgênero. A informação foi dada pelo jornal The New York Times
Quase 1.600 pessoas morreram em ataques motivados por ódio nos últimos 4 anos e meio, segundo o Grupo Gay da Bahia, que monitora as mortes por meio de notícias na mídia. Segundo seu levantamento, uma pessoa gay ou transgênero é morta quase todo dia neste país de 200 milhões de habitantes. “E esses números representam apenas a ponta do iceberg de violência e derramamento de sangue”, disse Eduardo Michels, o responsável pela compilação de dados do grupo, acrescentando que a polícia brasileira com frequência omite a motivação homofóbica ao compilar os casos de homicídios.
A reportagem também traça um paralelo entre a força da religião e apresença da cultura machista no Brasil como empecilhos para políticas de combate à morte dos LGBTI. “Alguns especialistas alegam que políticas de um governo liberal podem ter ido muito à frente das tradições sociais. A violência contra gays pode ser ligada à cultura de machismo e a uma marca de cristianismo evangélico, exportada pelos EUA, que faz oposição aberta à homossexualidade”, aponta o texto.
A segurança da população na Olimpíada, a ser realizada na cidade do Rio daqui a um mês, também não passa incólume pela matéria do jornal americano: “No Rio, prestes a sediar a Olimpíada, há o medo da violência. Em meio a uma recessão e o crescimento do desemprego, crimes de rua cresceram 24% no último ano, enquanto os homicídios subiram 15%. Ao mesmo tempo, ativistas de Direitos Humanos acusam a polícia do Rio de assassinar a tiros mais de 100 pessoas este ano, a maioria deles jovens negros de comunidades, como forma de limpar a cidade antes da cerimônia de abertura, no dia 5 de agosto”.
A data de 17 de maio é quando, mundialmente, se protesta contra a homofobia (crimes de ódio cometido contra as LGBT). Tal dia não foi escolhido à toa, trata-se de quando a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1990.