Criado há três anos, o Fórum de Empresas LGBT conta com 200 grandes empresas e mostra que o diálogo sobre os direitos homossexuais tem causado efeito positivo e transformador nas pequenas, médias e grandes corporações
Por Mayra Salsa
Periodicamente, em São Paulo, grandes empresas se reúnem no Fórum de Empresas LGBT com um único objetivo: respeitar e promover os direitos LGBT no ambiente de trabalho.
Ouvir o que cada uma tem a dizer sobre diversidade e lidar cada vez mais com o respeito e o direito do outro é a palavra-chave do encontro. Em apenas três anos, o Fórum conta com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e grandes empresas como a Microsoft Brasil, Facebook, Bloomberg e IBM viram na iniciativa a importância de falar sobre diversidade no ambiente de trabalho. “Hoje contamos com a participação de mais de 200 grandes corporações e 35 signatárias da Carta de Adesão ao Fórum e aos seus 10 Compromissos”, disse o idealizador Reinaldo Bulgarelli.
Todas as corporações presentes acreditam que as questões da diversidade possuem um fator econômico decisivo e são importantes para o desenvolvimento e inovação das empresas, pois afetam diretamente na produtividade, criatividade, autoestima dos funcionários, bem como no clima organizacional delas.
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Na área social desde 1978, sobretudo com direitos humanos, Bulgarelli já disse em entrevistas que 30% das corporações que estão na lista das “150 Melhores Empresas para Trabalhar em 2015” não respeitam os direitos de casais homossexuais no acesso a benefícios concedidos a casais heterossexuais. Em entrevista concedida para a ViaG, Bulgarelli diz que o Brasil precisa melhorar a legislação para avançar nos direitos do segmento, colocar em prática discussões de gênero nas escolas como parte de inclusão e que, em poucos anos, o Fórum vai permitir um ambiente empresarial favorável no que diz respeito à diversidade nas empresas.
Revista ViaG – Como surgiu a ideia de criar o Fórum de Empresas LGBT?
Era preciso reunir as empresas que estavam trabalhando fortemente o tema para gerar um movimento de ampliação das abordagens bem-sucedidas no meio empresarial. Assim tem acontecido. Para minha surpresa, que imaginava reunir umas cinco empresas, o Fórum já nasceu com 16 empresas e hoje conta com mais de 200 grandes empresas participando e 35 signatárias da Carta de Adesão ao Fórum e aos seus 10 Compromissos.
VG – Enquanto especialista em direitos humanos, qual a importância das constantes políticas públicas no combate ao preconceito e à violência ao público LGBT?
É essencial esperamos do Estado brasileiro que enfrente toda forma de violência vivenciada pela população e isso inclui a população LGBT. No âmbito das empresas, é muito importante que o tema do respeito à orientação sexual e identidade de gênero seja incluído no Código de Conduta ou documento semelhante, mas espera-se do País mais ações no campo da legislação e das políticas públicas.
VG – Segundo O New York Times, o Brasil é o País mais intolerante para os homossexuais, registrando uma morte a cada 28 horas. A que você atribui este cenário?
Pois é, os dados têm demonstrado que o Brasil é muito violento com vários segmentos e situações, mas chama a atenção o número de pessoas trans assassinadas. Temos uma cultura violenta e precisamos enfrentar essa característica com conscientização e também legislações que inibam o crime de ódio, por exemplo. A Lei Maria da Penha, a legislação contra o racismo e de direitos da criança e do adolescente são bons exemplos.
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