Quebec e Montreal, dois destinos gay friendly para conhecer no Canadá
Colonizada por franceses, a província do Quebec oferece paisagem paradisíaca num ambiente de conforto para LGBTs e um povo de uma simpatia inigualável. Já em Montreal, construções modernas, espelhadas, harmonizam com edifícios históricos do século XVIII que oferecem uma paisagem única ao visitante. No Village, mais de um quilômetro de uma das principais vias da cidade (a Sainte-Catherine) é bloqueada ao trânsito e dedicado a bares e restaurantes da comunidade gay.
QUEBEC
Uma ação política ocorrida em 2010 dá inicio a uma grande paixão pelo Quebec. Naquele ano a província adotou uma série de medidas com objetivo de erradicar a homofobia em seu território. Foi a primeira do país a assumir a ideia de ser a cidade líder mundial do combate à discriminação sexual. Adicione a este fato uma região com paisagem de cair o queixo, um povo hospitaleiro e acolhedor, excelentes hotéis e uma infinidade de restaurantes, lojas, festas, bares e baladas para o público LGBT. Pois é, este mundo de sonhos se torna real a partir do momento em que se pisa em solo canadense. Um mundo de respeito às diferenças.
A província do Quebec, em especial, e o Canadá como um todo, sabe que as minorias são sempre confrontadas com obstáculos que as impede de atingir seu potencial com seres humanos e, por isso, decidiu encarar de frente os desafios para garantir a cidadania plena a todos. O Canadá foi um dos primeiros países do mundo a reconhecer a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Isto ocorreu em 2002. Lá, casais homoafetivos têm direito de adoção de filhos sem maiores complicações.
A maior parte da população da província (cerca de 8 milhões de habitantes) vive numa estreita faixa de terra que segue o rio São Lourenço, que vai de Gatineau, passando por Montreal e Trois Rivières, até chegar à cidade do Quebec. Aliás, o nome vem do dialeto algonquino, que significa ‘estreito’.
A forte influência francesa, presente desde os primórdios da colonização do Canadá, torna a província bastante diferente do restante do país. O francês é o idioma oficial e sua população é majoritariamente católica, ao contrário do resto do país onde protestantes predominam.
Uma boa forma de chegar à cidade é de trem, vindo de Montreal, uma viagem ultraconfortável de pouco mais de três horas. Ao desembarcar na Gare Du Palais, a estação ferroviária, vê-se logo o potencial arquitetônico do que vai encontrar mais tarde.
É fácil apaixonar-se por Quebec. É pequena e tem a parte antiga cercada por muralhas (a única na América do Norte), com recantos que lembram um pouco Paris. Tem até mesmo um castelo, o Château Frontenac, construído no final do século XIX, ponto de visita obrigatória e cartão postal. A cidade pode ser percorrida a pé ou admirada em um passeio de barco pelo rio São Lourenço, que nesse trecho recebe até navios de grande calado.
Na Velha Quebec, cercada por muros e construída na parte alta, abriga o castelo (hoje hotel luxuosíssimo) e a Citadelle, com diversas ruas pitorescas e construções bem antigas, além de diversos museus, restaurantes, galerias de arte e muito mais. Do alto tem-se uma bela vista da cidade e do rio São Lourenço.
Caminhar por suas ruas estreitas é mergulhar no mundo das artes e da música. Em cada canto um artista de rua demonstra seu talento tocando jazz, cantando óperas, fazendo mímicas e mágicas. É muita gente competente disputando a atenção de turistas e transeuntes. Um passeio que faz bem para os olhos e encanta a alma.
Na Cidade Baixa, do lado de fora das muralhas, ficam o Museu da Civilização, que mostra Quebec no período colonial, e o Museu de Arte do Quebec. A Place Royale, junto ao rio São Lourenço, uma das mais típicas da Cidade Baixa, data do século XVII, quando ali funcionava um mercado. Hoje é um centro de atividades artísticas.
A província a cada ano se esforça mais para atrair o público gay. Do ponto de vista da qualidade de vida, é considerado um dos melhores lugares para se viver no planeta, com renda per capita em torno de 70 mil reais.
A cidade dispõe de uma gama enorme de atrações para o público LGBT como restaurantes, lojas, festas, bares, baladas e estabelecimentos hoteleiros especializados em atender esse público.
O próprio OutGames, uma espécie de olimpíadas destinada à comunidade LGBT, teve sua primeira edição realizada no Canadá, em 2006, registrando mais de 12 mil participantes provenientes de diversos países para competir em eventos esportivos e culturais.
O país é bastante receptivo e em seu programa de imigração garante direitos como previdência, saúde, educação e livre transito nos Estados Unidos para casais homoafetivos. Direitos até então cedidos apenas aos canadenses. Cerca de 13 mil brasileiros vivem em seu território.
Situado a meia quadra da rue St-Jean, famosa por abrigar lojas de marcas famosas, bares e restaurantes badalados, está o Le Drague, um misto de bar, restaurante, casa de espetáculos e boate, ponto de encontro principal da cidade para gays e lésbicas. A casa funciona numa antiga construção onde existiu uma igreja católica. É um espaço cheio de desníveis e cantos secretos, estes destinados exclusivamente aos amantes do couro (leather).
Há uma pista de dança principal, um palco de cabaré onde acontecem apresentações semanais bastante prestigiadas pela comunidade gay local. Para as meninas a dica é para o clube L’Amour Sorcier, a poucos quarteirões de distância. Mas, Le Drague é o principal point que agrega tribos de todos os gêneros.
Quedas d’água
Entrar em contato com quedas d’água é sempre uma emoção. Cerca de 10 minutos de carro do centro da cidade está o Montmorency Falls Park. Com 84 metros de altura e 150 de largura são as mais altas da província do Quebec e 30 metros maior do que a famosa Niagara Falls, na fronteira com os Estados Unidos.
O nome das quedas foi dado em 1613 por Samuel de Champlain. Ele nomeou em homenagem a Henrique II, duque de Montmorency, que serviu como vice-rei da Nova França (atual província do Quebec) de 1620 até 1625.
No local há escadas que permitem aos visitantes ver as quedas a partir de várias perspectivas diferentes. Uma ponte suspensa sobre a crista das quedas fornece acesso a ambos os lados do parque, bem como uma vista espetacular. Um sistema aéreo de bondes transporta os passageiros entre a base e a parte superior das quedas. No verão o local recebe uma competição internacional de fogos de artifício com as águas como pano de fundo. As quedas tornaram-se bastante conhecidas quando passaram a compor cenário de filmes de ação, romance e drama.
No verão, o Cirque Du Soleil se apresenta ao ar livre numa área formada por vários viadutos – semelhante ao cebolão de São Paulo – com entrada franca aos que não se importam em assistir a apresentação em pé. Só pagam as pessoas que quiserem sentar nas cadeiras.
MONTREAL
Com cerca de 3,6 milhões de habitantes, Montreal tem mais estabelecimentos LGBT do que metrópoles como Nova Iorque e São Paulo. A mais populosa cidade da província do Quebec, Montreal abriga uma numerosa população gay distribuída por todos os bairros da cidade. Apesar de haver maior concentração no Village, por todos os cantos vê-se a bandeira gay. Bilíngue, de ar europeu, a cidade esbanja charme, elegância e gente bonita.
Montreal abriga um bairro tão friendly que até a estação de metrô, a Beaudry, está decorada com as cores do arco-íris. E é ali, no Le Village, onde estão localizados os principais atrativos para o público LGBT. O bairro é um charme só. Mistura residências e estabelecimentos comerciais com ar francês.
Como toda região gay das grandes cidades, o Le Village formou-se numa área outrora decadente. Para entender melhor o motivo que a comunidade gay ter escolhido aquela região para morar comece a caminhar pelas ruas estreitas que cruzam a Sainte-Catherine, entre a Saint-Hubert e a Papineau. As residências restauradas são feitas com tijolos aparentes e possuem jardins muito bem cuidados. Observe com atenção as casas antigas com portões de ferro decorados no estilo neoclássico francês da rua Sainte-Rose.
Reserve um tempo para conhecer a arquitetura art-déco do mercado Saint-Jacques e do Écomusée du fler monde, na rua Amherst, que conta a história dos operários canadenses. Quem gosta de frequentar antiquários – especialmente aos que se dedicam a peças dos anos 1930 a 1960 – vai se deliciar com as dezenas que se encontram ao redor do Le Village. Na região fica, também, a sede da empresa estatal de TV. Por isso, não se surpreenda ao cruzar as ruas com funcionários de produtoras e empresas de telecomunicação dividindo espaço com casais gays.
O bairro oferece uma infinidade de bares, restaurantes e galerias de arte. Para os que gostam de curtir a noite a dica vai para o Cabaret Mado, o Agora, a Exotica e Stud. Praticamente todos ficam na rua Sante-Catherine. Divirta-se.
No verão a comunidade LGBT local realiza uma série eventos considerados referência para o mundo. Entre os quais: o Artfest, em julho; a Parada Gay Divers/Citê, em agosto; o Imagenation Film Festival, em setembro; e o Black & Blue Festival, em outubro, que reúne cerca de um milhão de pessoas.
Montreal tem o nome derivado da colina central, chamada Mont Royal, onde fica o parque de mesmo nome. Do alto tem-se uma bela vista da cidade e do rio São Lourenço. Como Montreal é dotada de um eficiente sistema de metrô e de uma verdadeira cidade subterrânea, formada por corredores que interligam os edifícios do centro, é possível ir de um canto a outro sem expor o nariz ao frio. Portanto, o inverno não é desculpa para não viajar para lá.
O bairro mais antigo e agradável para passeios é o Vieux Montreal. Próximo do velho porto, na Place Jacques Cartier e suas redondezas estão o Museu de Belas Artes, a enorme basílica de Notre Dame, do século XIX, e o Museu de Arqueologia e História Pointe-a-Callière.
Outras atrações obrigatórias são o Jardim Botânico e o Biodôme (instalado na Cidade Olímpica, local em que se realizaram os jogos de 1976), que reúne ecossistemas do continente americano, com flora e fauna típicas de cada um. Fantástico.
Famosa pela intensa vida noturna e por ser a mais europeia da América do Norte, Montreal é a segunda cidade em número de falantes do francês, perdendo apenas para Paris. Um terço de sua população é composta por imigrantes de todos os cantos do planeta, o que cria um ambiente de diversidade em qualquer que estiver. Uma curiosidade: a cidade possui o maior percentual de habitantes com diploma universitário da América do Norte.
Serviços:
Quebec
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Onde comer Quebec:
Bares Quebec:
Museus
Museu Nacional de Belas-Artes do Quebec
Informações turísticas
Montreal
Bares e restaurantes:
Museus:
The Montreal Museum of Fine Arts
Montreal Museum of Archaelogy and History
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