Estabelecido no Brasil em 29 de janeiro de 2004, o Dia Nacional da Visibilidade Trans é celebrado anualmente para destacar o orgulho, a existência e a resistência da comunidade trans e travesti, inserida no movimento LGBTQIAP+. Para valorizar a importância da data, um marco na luta pelo reconhecimento e pela igualdade de direitos das pessoas trans, o Museu da Diversidade Sexual (MDS), instituição da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerida pelo Instituto Odeon, e o Museu da Cidade de São Paulo, promoverão no próximo sábado, 28/01, o “Sarau Serene — Olhares e saberes transversais”.
A atividade ocorre em parceria com o Hotel Selina Aurora, no Centro da capital paulista, e será dividida em três momentos, com um sarau conduzido pelo poeta Formigão e aberto à participação do público, além de apresentações musicais de Aivan e 7Bello e a discotecagem de Nãovenhasemrosto.
Para a arte-educadore do Núcleo de Ação Educativa do MDS, Nay Costa, o Dia da Visibilidade Trans é uma plataforma, um alicerce de denúncia à transfobia, à ausência de garantia de direitos, respeito, dignidade e cidadania. “É também um dia de celebrar a diversidade das existências de vidas, de corpas e corpos. Num ato que existir por si só enquanto uma pessoa trans já é político e já é revolucionário. É um dia que convoca a sociedade a refletir e priorizar as urgências da comunidade trans”, diz Nay, salientando que a educação é necessária na luta e no combate aos preconceitos e à transfobia.
“Ter um Dia de Visibilidade Trans é de extrema importância, é rever o passado, rever o trajeto que nos leva até aqui e assumir no agora um compromisso de (trans)formação de um contexto hostil, degradante e vergonhoso, num amanhã onde nós todas, todes e todos possamos ser quem somos, sem medo de sermos mortos e violentados”, argumenta.
Reforçar a importância do Dia da Visibilidade Trans é essencial, tendo em vista que o Brasil segue à frente entre os países que mais matam pessoas trans no planeta – mesmo com a transfobia sendo crime em território nacional desde 2019. Segundo estimativas da Transgender Europe (TGEU), que avalia mundialmente indicadores levantados por instituições trans e LGBTQIA+, ao menos 4.042 pessoas trans e de gêneros diversos foram assassinadas no Brasil entre 2008 e 2021.
Serviço
Dia da Visibilidade Trans
Quando: 28/01 (sábado), das 15h às 18h
Local: Bar Lohi – Hotel Selina Aurora (Av. Vieira de Carvalho, 99, São Paulo)
Realização: Museu da Diversidade Sexual e Museu da Cidade de SP
Entrada gratuita
Cronograma:
15h – Abertura com breve fala de Adelaide Silva e com discotecagem da DJ Nãovenhasemrosto;
15h20min – Sarau com performance do poeta Formigão e com microfone aberto para quem quiser se apresentar (a DJ poderá fazer intervenções sonoras, caso participante queira);
16h20min – Discotecagem da DJ Nãovenhasemrosto;
16h40min – Show Aivan (Cantora) e 7Bello (Músico – violão) – clássicos da MPB;
17h40min – Finalização com a DJ Nãovenhasemrosto.
Participantes:
– Nãovenhasemrosto traz em suas produções sonoras uma grande mistura repleta de texturas e sons abstratos, formada em design de som pela SP Escola de Teatro. Nãovenha é produtora musical, DJ e educadora da primeira infância. Passando por projetos diversos da cena musical atual, se apresentando em espaços como: CIRCO VOADOR (RJ) / MAMBA NEGRA (SP) / MOTE/CERAL MELODIA (SP) / AMIG (SP) / CIA. RAINHA KONG (SP) / THE LOT RADIO (NY-EUA) entre outros. Seus trabalhos se destacam na forma de trilhas sonoras, compilações, mixagens/sets e singles. Lançou seu primeiro EP DUPLO, “音楽、クジラの 歌、戦場 VOL. 01 – 02”, com 08 faixas cada, que se conectam com suas pesquisas e arte afro-latina-futurista. Em dezembro de 2021, lançou sua exuberante parceria com a artista Podeserdesligado em “Especial de Natal”, com faixas e dramaturgias sonoras que celebram ao mesmo tempo que questionam o qual contraditória é a data em si.
– Formigão (antigamente Formiga), nascido em outubro de 1990, na periferia da zona sul de São Paulo. É sapatão transmasculino. Se dedica a escrita desde os quatorze anos e frequenta os espaços de literatura periférica e negra desde os dezesseis anos. É poeta e editor de fanzines marginais nas Edições Formigueiro desde 2017. Também trabalha com venda de livros usados no Sebo do Formigão.
– Aivan é uma cantora travesti de 55 anos que iniciou sua carreira em 1987, em Oiricuri, Pernambuco. Sua primeira banda chamava-se Os Geniais e, junto a este grupo, fez diversos shows ao longo dos anos 90. Desde 2017, atua junto ao grupo MEXA, coletivo de performance fundado em 2015 por pessoas LGBTQIAP+. O disco “Anônima” marca seu retorno com uma nova abordagem de seu repertório musical.
– 7Bello atualmente integra o corpo cênico do Teatro Flávio Império, como violonista e backing vocal integra a banda da cantora Ayô Tupinambá eda cantora e performer Aivan, e tem seu projeto musical autoral, com o qual já se apresentou em festivais como o Mix Music Brasil de 2021 em Jacareí e o TranSarau da Virada Cultural de SP de 2022 realizado na Biblioteca Mário de Andrade. 7Bello estudou canto erudito no Conservatório Musical de Guarulhos aos 14 anos, precisando sair do curso após o 2o. ano pois já estava começando a se apresentar em bares e eventos desde então, tendo ainda que conciliar com o ensino médio. Aos 22 cursou artes cênicas na ELT — Escola Livre de Teatro, o que mudou avassaladoramente sua forma de sentir, fazer e viver a arte. 7Bello é transgênero não binário. Utiliza apenas os pronomes neutros(ile/elu/el). Em 2020, foi proponente da ideia legislativa que pede a inclusão da opção de gênero neutro nos documentos oficiais de identificação, conseguindo mais de 20 mil apoios, sendo transformada na SUG 4/2020. Hoje 7Bello encontra-se na lista de Pessoas Notáveis na página de Não Binariedade da Wikipédia, entre Linn da Quebrada e a finada e saudosa artista visual Matheusa Passareli.