A Agência Pública publicou no último 17 de dezembro, o especial “Nega-te a ti mesmo”, uma série de reportagens investigativas sobre a atuação de entidades religiosas que realizam práticas de “reorientação” para LGBTI+ na América Latina.
Realizado em parceria com Ojo Público (Peru), El Surtidor (Paraguai), a jornalista equatoriana Desirée Yépez e Mexicanos Contra la Corrupción y la Impunidad (México), este especial investiga, em primeira mão, as atividades da organização evangélica internacional Exodus e de grupos anti-direitos LGBTI+ nos cinco países.
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Desde 2019, após presenciar um congresso da organização na cidade de Campinas, interior de São Paulo, a Agência Pública tem investigado a atuação da Exodus. Com sede no Canadá, a Exodus Global Alliance atua por meio de uma rede de entidades afiliadas que se estende por vários continentes, articulando igrejas, missionários, políticos, psicólogos e defensores de práticas de reorientação sexual, popularmente conhecidas como “cura gay”.
Na América Latina, região com altos índices de violência contra a população LGBTI+, a Exodus está bem ativa. As reportagens revelam que ela funciona como um guarda-chuva para dezenas de entidades cristãs locais e as alimenta com treinamentos, congressos, materiais de estudo e livros sobre práticas para “reorientar” gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis. A entidade prega ser possível abandonar desejos e mudar de orientação sexual “por meio do poder transformador de Jesus Cristo”.
Pessoas em conflito com a própria sexualidade, orientação de gênero, espiritualidade e jovens – muitas vezes levados contra sua vontade pelos familiares – são o foco de congressos e programações da Exodus, onde a homossexualidade é tratada como um pecado e um desvio de comportamento.
As iniciativas de reversão sexual não ficam restritas ao ambiente religioso. As reportagens também mostram que organizações como a Exodus se articulam politicamente e fazem lobby junto a parlamentares, membros do Executivo e do Judiciário de vários países da América Latina. O objetivo é retroceder com direitos LGBTI+ e impedir o avanço de novas leis de proteção a essa população, alegando a defesa da liberdade religiosa.
Confira aqui série de reportagens da Agência Pública
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