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Filme “Ponto e Vírgula”, que aborda o amor LGBTQIAP+ na terceira idade, é premiado em três categorias no Festival de Gramado

Dirigido por Thiago Kistenmacker, o curta-metragem foi vencedor nas categorias Melhor Trilha Musical, com canção de Liniker, Melhor Ator e Prêmio Especial do Júri.

CRÉDITO LARISSA LOPES.
Foto: LARISSA LOPES
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O amor LGBTQIAP+ conquistou o Festival de Gramado com o filme “Ponto e Vírgula”, que levou para casa três Kikitos de Ouro nas categorias Melhor Trilha Musical com a canção de Liniker, Melhor Ator para Wilson Rabelo, e Prêmio Especial do Júri. O curta–metragem, dirigido e roteirizado por Thiago Kistenmacker, retrata o reencontro de dois homens que, após décadas de distanciamento, se encontram novamente aos 70 anos. Com uma abordagem sensível e profunda sobre o amor na terceira idade, “Ponto e Vírgula” se tornou um dos grandes sucessos do Festival de Gramado de 2024. O filme estreou em festivais e tem previsão de estreia para o público geral no ano que vem.

CRÉDITO PEDRO ERTHAL
Foto: PEDRO ERTHAL

Thiago Kistenmacker, cineasta com filmes exibidos em vários países e que anteriormente já chegou a conquistar dois Kikitos pelo curta “Aquarela”, expressa sua gratidão, destacando a importância do Prêmio Especial do Júri que ganhou desta vez. “É muito gratificante a gente ser validado nesse lugar de premiação. Essa categoria tem um significado enorme, pois destaca o reconhecimento especial e único que o nosso trabalho recebeu do júri. Conquistar essa categoria logo na estreia é algo muito importante pra gente”, afirma o diretor.

CRÉDITO PEDRO ERTHAL.
Foto: PEDRO ERTHAL

Enquanto subia ao palco para receber sua primeira premiação da noite, Thiago ouviu a importante justificativa do júri para “Ponto e Vírgula” ter sido o ganhador do Prêmio Especial: “Em uma década de extrema polarização política e divisão social, expor de forma poética o amor e a possibilidade de reencontros e de plantar a esperança, como quem planta o coentro para temperar a vida, é um ato revolucionário. As atuações contribuem nesse exercício de afeto sempre fundamental”, justificou o júri.

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CRÉDITO LARISSA LOPES..
Foto: LARISSA LOPES

O curta-metragem também foi premiado na categoria de “Melhor Trilha Musical” pela canção “Psiu”, da Liniker, uma conquista que reflete a profunda conexão entre a música e a narrativa do filme. Ana Lídia, produtora executiva, destaca que os ensaios da cena aconteciam ao som desta música. “Era nítido o envolvimento dos atores com a obra da Liniker, que trouxe uma profundidade emocional única ao projeto, ajudando a criar uma atmosfera intimista e autêntica que amplifica e complementa a história e a conexão entre os personagens.” Para a equipe, receber este prêmio é um reconhecimento significativo do impacto que a música teve no filme, validando a escolha da trilha e reafirmando a importância da música em obras audiovisuais. “É uma honra imensa ver nosso trabalho e a colaboração com Liniker serem reconhecidos dessa maneira”, Ana Lídia acrescenta.

 

Sobre o impacto do filme, Thiago Kistenmacker destaca a importância de “Ponto e Vírgula” ao desafiar estereótipos e criar um referencial para a velhice LGBTQIAP+. “A sociedade muitas vezes decreta que pessoas LGBTQIAP+ envelhecem na solidão, sem afeto. Mas essa obra desafia essa noção e cria um referencial de uma velhice romântica, leve, que é muito necessária de ser vista em todas as etapas da vida. O filme aborda não só essa temática, mas também a bissexualidade, monogamia e a cisheteronormatividade geracional, refletindo sobre o futuro que estamos construindo”, ressalta.

 

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O ator Wilson Rabelo, que recebeu seu primeiro Kikito em décadas de carreira, ficou tocado com o reconhecimento por seu papel como protagonista. “Vitor tem uma potência incrível. Interpretar esse personagem me permitiu acessar camadas que nunca tinha acessado. Foi fundamental para mim, além de ser o meu primeiro protagonista. ‘Ponto e Vírgula’ ajuda a dar um ponto final nesse mundo restritivo e preconceituoso, e principalmente no mundo que não vê a geração que eu faço parte, dos sessenta mais, como ativos, conscientes e agentes de mudança, porque toda forma de amor constrói novos caminhos”, reflete.

 

Bem Medeiros, produtor executivo do filme, destacou a importância de imaginar futuros possíveis, especialmente para a comunidade LGBTQIAP+. “É uma alegria ver uma invenção de futuro sobre as nossas velhices, com tempero, melancolia e esperança. À medida que a gente vai envelhecendo, nossa imaginação sobre nossos amores depois dos sessenta também fica cada vez mais viva e por isso queremos construir os futuros que imaginamos, primeiro esteticamente e imaginado no cinema e depois pra nós mesmos, nas nossas vivências pessoais. Imaginar é também uma forma de realizar”, destaca.

 

A coprodutora Sofia Wickerhauser reflete sobre o impacto que o filme pretende causar: “A gente espera que esse filme seja sentido como um abraço por todos que o assistem. O amor, que é o tema central, transpassou por todo o set de gravação e acreditamos que está na tela, sendo sentido pelo público. A história é sobre amor e isso, nessa conjuntura que estamos vivendo, é um ato revolucionário. Fazer um filme com conceitos simples, mas complexos, é reivindicar que narrativas assim sejam vistas. Precisamos falar dos problemas, mas também dos amores e da nossa humanidade”, conclui.

 

SINOPSE
O recifense João (Buda Lira) chega ao Rio e adentra o mundo do carioca Vitor (Wilson Rabelo), após 30 anos sem vê-lo. Aos 70, os amantes assimilam passado, presente e possível futuro após a esposa de Vitor falecer e tanto de suas vidas parecer ter chegado a um fim.

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Escrito por Cleber Trip

Editor chefe Revista ViaG