O esporte LGBT e o Gay Games Paris 2018 foram alguns dos assuntos discutidos no encontro organizado pelo GAMES (Government Affairs, Media & Entrepreneurs Supporters), que aconteceu no último sábado (24/3) na Livraria da Vila, em São Paulo (SP). Com a presença de atletas LGBT e de Frédéric Baumann, representante do Gay Games de Paris no Brasil, alguns dos temas conversados foram as maneiras de inserir o público LGBT no esporte e meios para conseguir apoio para enviar a delegação brasileira participar do campeonato que acontece entre 4 e 12 de agosto, na França. “Estamos muitos felizes que Paris esteja sediando o Gay Games 2018, para nós é um orgulho poder receber um evento tão inclusivo e de respeito à diversidade. Já são mais de nove mil atletas inscritos”, comemorou Baumann, que explicou que qualquer atleta pode se inscrever nos jogos já que o Gay Games tem como base a inclusão.
André Machado, atleta e criador do time de futebol gay Bees Cats, comentou que a presença de atletas LGBT nos campos tem mudado um pouco o aspecto preconceituoso e machista que o futebol sempre apresentou em suas entrelinhas. “Sou apaixonado por futebol, mas não era bem aceito depois que me assumi. Mudei para o Rio de Janeiro, juntei alguns amigos que também gostam de jogar e há um ano fundamos nosso time”, relembrou. “Estamos na batalha para levar o maior número de atletas possíveis para o gay games de Paris. Temos tantos bons jogadores que tenho certeza que voltaremos com medalhas”.
Para Carol Lissarassa, jogadora de vôlei trans, a maior dificuldade enfrentada no esporte é fato das pessoas acharem que ela tem o biotipo masculino. “O que não sabem é que quando passamos por um processo de readequação de gênero nós tomamos bloqueadores de testosterona, o que deixa nossa musculatura mais frágil. Já competi várias vezes com mulheres biológicas e perdi”, esclareceu Carol, que vai para o Gay Games Paris a convite do comitê dos jogos.
Mas se alguns atletas conseguiram passagem para a disputa na Europa, a realidade dos demais competidores é outra. Capitão do time de vôlei Angels, o atleta Willy Montmann não sabe como sua equipe vai participar do campeonato no Velho Continente por falta de patrocínio. “As passagens estão muito caras e se hospedar lá em alta temporada também é um valor bem expressivo”, disse.
Para Salomão Lima, fundador do GAMES, o encontro — que reuniu 70 pessoas — superou as expectativas. “O principal propósito do GAMES é promover a reflexão sobre a inclusão de pessoas LGBT na sociedade. Mais que discutir, queremos gerar transformação e a edição alcançou este objetivo. Reunimos diferentes atores dos esportes LGBT no Brasil e no mundo, na certeza que haja cada vez mais visibilidade e promoção de iniciativas desportivas que promovam a diversidade e a inclusão.”
Durante o encontro, mediado por Clovis Casemiro, diretor da IGLTA (International Gay and Lesbian Travel Association) no Brasil, também foi apresentado o vídeo oficial do Gay Games Paris 2018.