O empresário Geninho Goes é um dos nomes mais conhecidos no turismo. Começou a trabalhar aos 11 anos de idade e hoje, com pouco mais de 40 é um bem sucedido empresário, escritor e palestrante. Ao assumir publicamente sua orientação sexual, revela não ter sofrido discriminação no meio de trabalho. Ao contrário, é tratado com respeito e admiração.
Conhecido como o especialista em “paixão” no mundo dos negócios, sua mensagem tem sido difundida em empresas, entidades, grandes eventos, lançamentos de produtos e até em clubes da melhor idade.
Na década de 1990 tornou-se atuou como professor universitário e consultor empresarial, buscando na parapsicologia clínica e cursos em desenvolvimento humano, subsídios para conhecer as leis que regem uma vida de sucesso e triunfo. Alcançou resultados surpreendentes tanto na área pessoal e profissional imprimindo paixão no que faz.
Tornou-se escritor na área motivacional e autoestima, dando destaque ao Poder da Paixão como mola propulsora para conquista de uma vida melhor. Conseguiu distribuição nacional de suas obras e um enorme sucesso através das palestras ministradas em todo território nacional em eventos empresariais e entidades de classe.
Atualmente vive em Balneário Camboriu/SC, onde se dedica à produção de obras e uma constante atualização profissional. Foi diretor de marketing e vendas do Beto Carrero World, o quinto maior parque temático do mundo, no comando de mais de mil e duzentos colaboradores.
Hoje é sócio fundador da BNT Mercosul (Bolsa de Negócios Turísticos), uma feira de atuação no trade turístico nacional e sul americano que esta na sua 22º edição. O evento acontece todos os anos em Santa Catarina.
ViaG bateu um longo papo com ele.
Confira:
ViaG: Como você vê o potencial do mercado do turismo GLS?
Geninho: As pesquisas mostram o poder aquisitivo elevado da maioria dos gays, uma vez que não formam famílias numerosas. Resumindo, o dinheiro que se ganha é exclusivo para atender as suas próprias necessidades, entre elas, as viagens.
ViaG: Em que aspecto o turismo GLS se difere do convencional?
G: Os gays frequentam os mesmos lugares que os héteros, os atrativos são os mesmos, os serviços idênticos, o meio de transporte, as lojas, restaurantes, etc. Algumas cidades criaram áreas mais exclusivas, como é o caso de San Francisco, Vancouver, Londres, Mikonos, onde a concentração de gays e locais para os mesmos (bares, boates) é maior e assim o interesse por estes destinos também. Fora este aspecto existe gays viajando para todos os lugares do mundo, tenham estes a bandeira do arco íris pendurados nas portas ou não.
ViaG: Há muitos gays e lésbicas atuando no turismo sendo poucos assumidos. Isso acontece por medo de rejeição no meio de trabalho?
G: Eu acredito que vai da opção de cada um. Na verdade ninguém deve satisfação sobre as suas preferencias sexuais, sobre a sua intimidade. No trabalho é preciso julgar as pessoas pela competência. É que nós brasileiros gostamos de saber da intimidade alheia. O turismo é tão descontraído, imagino que este medo seja maior ainda em grandes empresas ou em outros segmentos.
ViaG: O mercado demonstra interesse pelo “dinheiro cor-de-rosa” mas uma grande resistência em associar seus produtos para este público na mídia. Pode ser uma aversão a orientação sexual deste hóspede?
G: Dinheiro é dinheiro sempre. As empresas querem ganhar, mas não querem levantar bandeira por medo de perder clientes de outros segmentos por declararem a sua simpatia.
Seria a mesma coisa se na porta de cada estabelecimento tiver uma placa com a religião do proprietário, time de futebol e partido político. O que interessa para o empresário é o dinheiro e não as preferências de quem paga. Se você se demostra simpatia por um grupo, pode perder o cliente de outro, por este motivo eles ficam em cima do muro.
ViaG: Assumir a orientação sexual no ambiente de trabalho compromete a carreira? Como você lidou com isso no seu meio?
G: Nunca tive problema. Teve uma época que eu ficava na minha, não dizia nada. Nunca sofri qualquer tipo de preconceito no trabalho. Se aconteceu, realmente não me atingiu. Sempre fui comprometido e competente naquilo que fiz e sinceramente é para isso que eu sou pago. Se me pagassem para cuidar da minha vida pessoal, mesmo assim eu teria a escolha em aceitar ou não. As pessoas entram na sua vida até onde você permite. Isso se chama privacidade. O primeiro que deve se respeitar é você. O mundo te trata como você se trata.
ViaG: Qual o maior desafio hoje para empresários do setor turístico com a economia desacelerada?
G: Não apenas em turismo, mas em qualquer área é preciso ser criativo, inovador, encontrar outros caminhos e principalmente não se afundar em notícias ruins. Tudo aquilo que você se concentra aumenta. Eu prefiro usar meu tempo com aprendizado, notícias boas, ideias novas, gente do bem. Eu sou cercado de coisas e pessoas do bem. Enquanto o mundo olha para a crise, tenha foco na oportunidade. Esse é o maior desafio.
ViaG: Compare o mercado GLS brasileiro e o internacional de países desenvolvidos?
G: Eu já conheço mais de 40 países e vejo que lá fora, de maneira geral, as pessoas se preocupam muito menos com suas escolhas. Elas respeitam suas preferências. O brasileiro se acha liberal, mas ocupa muito tempo cuidando da vida alheia (posso criticar. Eu sou brasileiro!).
No ano passado eu estive na Tailândia e vi o divino e o profano convivendo de uma maneira muito respeitosa e ao questionar como eles conviviam a resposta era “Não falamos o que pensamos, pois seremos julgados com a mesma força que julgamos o outro”. Esta é a Lei do retorno, que os budistas praticam.
Por outro lado, em alguns países dos Emirados Árabes, homossexuais são extraditados ou mortos. Enquanto alguns respeitam, outros ainda matam. Se quem é gay acha ruim viver no Brasil, imagina nascer gay num país muçulmano e ter que esconder a vida toda. Eu tenho certeza que sou uma criação divina e que meu Criador gosta muito de mim. Aqui posso ser quem sou, casado e viver feliz com minha família e com amigos que me amam como sou. É isso que importa. Você estar feliz onde você se encontra.