Patagônia gay friendly – O charme do fim do mundo
Para muitos gays, falar em Patagônia, Argentina, pode ser sinônimo de fim do mundo algo distante da civilização. Ao contrário deste pensamento, a região é de uma beleza indescritível e possui uma infraestrutura que surpreende o visitante. Um ponto no globo terrestre preparado para receber desde os mais aventureiros até casais apaixonados em busca de tranquilidade e romantismo.
Nosso destino é o vilarejo de El Calafate, uma pequena cidade de 20 mil habitantes situada na província de Santa Cruz, no extremo sul da Argentina, bem no coração da Patagônia. A viagem é tranquila, um voo saindo direto de São Paulo com escala em Buenos Aires e, depois, mais duas horas e meia até lá. No total, seis horas, o que não é nada de mais quando comparadas com viagens dentro do Brasil.
No avião dá para perceber o clima. Mochileiros se misturam a gringos, casais héteros e homossexuais em lua de mel, grupos de amigos, turistas da terceira idade, famílias, um verdadeiro melting pot. Todos ansiosos para conhecer as maravilhas deste lugar mágico. Na chegada, uma surpresa. Um aeroporto relativamente pequeno, muito bem equipado e confortável surpreende aqueles que esperavam instalações precárias, típicas das regiões mais longínquas do planeta.
No caminho até o centro de El Calafate se tem uma noção da grandiosidade e do esplendor da região. Vales e montanhas se misturam a paisagem como uma pintura impressionista e proporcionam um charme extra a pequena cidade espremida entre montanhas e o lago argentino.
Entre os maiores do mundo, o lago tem quase mil e quinhentos quilômetros quadrados. Cenário perfeito para uma caminhada com direito a observação dos emblemáticos flamingos e a um dos espetáculos mais lindos do local, o pôr-do-sol na Patagônia.
Pequena, El Calafate é muito bem estruturada para o turismo. Hotéis, pousadas e hospedarias de ótima qualidade se espalham por todas as ruas, lojas e restaurantes oferecem uma excelente gastronomia. Mas quem procura agito e badalação pode se decepcionar. Mesmo preparada para receber um número expressivo de turistas, a cidade ainda conserva um clima pacato, preservando as energias dos turistas para os passeios que acontecem durante o dia.
Um deles é a subida da montanha Huyliche que fica bem próximo ao centro da cidade. O trajeto é feito dentro de um ônibus rústico, no estilo 4×4, com correntes enroladas nas rodas para evitar que patine na subia, já que a neve aumenta a cada metro montanha a cima. Durante a subida, algumas paradas são feitas e a paisagem é deslumbrante.
Nessa hora é fácil reconhecer os brasileiros. Todos alegres, se divertem com o primeiro contato com a neve. À medida que nos aproximamos do cume, o frio aumenta e o volume de neve também. No fim da aventura desembarcamos em um pequeno restaurante no topo da montanha. Lá são servidos vinhos, lanches, cafés, chocolate quente e outras delicias, tudo incluso no passeio.
Do lado de fora a paisagem é branca e a neve é de perder de vista, uma pequena pista de esqui e alguns snowmobilies (motos de andar na neve) estão à disposição dos aventureiros. Se preferir, pode-se caminhar pela neve e explorar melhor o local. É tão encantador que perde-se a noção do frio. No verão, sem a neve, a montanha é tomada pelos amantes de mountain bike.
Outro passeio imperdível, e com certeza o mais importante, e que deu fama a esse lugar é a visitação do glaciar Perito Moreno, declarado pela Unesco como patrimônio natural da humanidade.Localizado dentro do Parque Nacional De Los Glaciares, entre vales, montanhas, bosques e lagos, Perito Moreno impressiona pela grandiosidade e quantidade de gelo que acumula. Com cinco quilômetros de largura frontal, alcança mais de 32 quilômetros a dentro do Canal de los Témpanos, e suas paredes chegam a impressionantes 60 metros de altura acima da superfície, e mais 200 abaixo dela.
A descida até o mirante mais próximo é feita em passarelas de madeira onde silêncio só é quebrado pelo zunido do vento frio, cortante, e pelo barulho estrondoso do desmoronamento de grandes blocos de gelo que se desprendem da geleira. Uma sensação incrível que nos obriga a refletir sobre quão grande e majestosa é a natureza.
Para chegar ainda mais perto é possível fazer um passeio de barco. A aventura leva cerca de uma hora. Além de seguro e confortável, proporciona ao visitante uma das mais belas visões dessa viagem que certamente será inesquecível.
De volta a cidade, tire algumas horas para relaxar em uma piscina de água aquecida. A maioria dos bons hotéis é equipado com piscina, sauna e SPA. A dica super gayfriendly é o Xelena Hotel. Além de quartos bem confortáveis e um staff acostumado com a presença de casais homossexuais, o hotel conta com uma piscina aquecida com vista privilegiada para Lago Argentino.
Depois de tanta aventura é hora de sentar e aproveitar o que há de melhor na gastronomia da região. O restaurante Casemiro Biguá, um dos mais tradicionais oferece uma saborosa parilla de comer de joelhos. Dos melhores cortes até o famoso cordeiro patagônico, tudo é assado da maneira mais tradicional, no carvão de lenha. Já a carta de vinhos é um espetáculo a parte. Mais de 250 selos orgulhosamente argentinos recheiam a adega. Tudo isso em um ambiente agradável e romântico, perfeito para um jantar a dois.
Mais popular, porém, nem por isso menos gostoso é o restaurante La Tablita. Aberto desde 1963 é o mais antigo da cidade e já atendeu milhares de turistas famintos e ávidos por um bom churrasco argentino. Despretensioso, serve uma carne saborosa que derrete na boca. Uma olhada no geral é fácil notar a presença de casais gays e lésbicos recuperando as energias depois de um dia intenso de muita aventura.
Se quiser ir mais longe, de uma esticada até o Ushuaia. É bem fácil, apenas mais uma hora de voo partindo de El Calafate. Lá sim, talvez encontre o fim do mundo, onde o vento faz a curva. Mas isso é assunto para outra matéria.
Passeios:
Montanha Huyliche e Perito Moreno
reservas@miloutdoor.com/info@miloutdoor.com
Imperdíveis
Upsala Kayak Experience: Duas horas de kayak pelo Lago Argentino avistando icebergs até a geleira de Upsala.
reservas@miloutdoor.com/info@miloutdoor.com
Glaciar Viedma: É a maior geleira da Argentina. O passeio se divide em dois dias. O primeiro inclui almoço no Eco Camp, um dos mais charmosos hotéis da região com vista para a montanha Fitz Roy, e passeio pelo Lago Viedma. No segundo inclui caminhada pela geleira e tuneis de gelo.
Onde hospedar:
Xelena Suites e Hotel
Alto Calafate Hotel
Onde comer:
Casemiro Biguá
La Tablita